Lançamento de livro: Imprensa e política: os usos simbólicos da Conjuração Mineira em São João del-Rei e Ouro Preto (1877-1889)
O estudo apresentado no livro Imprensa e política: os usos simbólicos da Conjuração Mineira em São João del-Rei e Ouro Preto (1877-1889) é o resultado de longa pesquisa realizada pelo são-joanense Augusto Resende, para a obtenção do título de mestre na Faculdade de Ciências e Letras de Assis, da Universidade Estadual Paulista.
O objetivo da pesquisa é buscar e entender a presença da figura inconfidente, especialmente Joaquim José da Silva Xavier, em período anterior ao da ascensão do regime republicano no Brasil. Nela é possível ver e demonstrar que desde o fim do século XVIII a história da Conjuração Mineira vinha sendo narrada por alguns estudiosos estrangeiros, assim como houve testemunhas que descreveram os momentos finais e a execução de Tiradentes.
Ao longo do século XIX, obras literárias, livros de instrução (compêndios) e de história descreveram alguns aspectos daquela conjura. Augusto, com sua pesquisa, visou demonstrar ainda que algumas décadas antes da queda da Monarquia brasileira, especificamente entre os anos de 1877 e 1889, a memória relativa aos conjurados mineiros esteve bastante presente entre os brasileiros.
Por meio da historiografia e principalmente a partir de alguns jornais partidários de Minas Gerais, é possível perceber que já havia uma apropriação do imaginário e a representação de alguns membros da Conjuração Mineira. Para tanto, foram analisados seis jornais das cidades de Ouro Preto e de São João del-Rei, sendo que os três partidos políticos de então estavam representados por aqueles órgãos de imprensa – ao menos regionalmente.
É interessante salientar que tanto monarquistas quanto republicanos se valeram da imagem dos conjurados e que o contexto das décadas de 1870 e 1880 determinou o uso político daquele imaginário. Desta maneira, o autor passa a contestar a formulação geralmente aceita de que Tiradentes, a figura vista como expoente da Conjuração Mineira, só teve seu reconhecimento como mártir após a mudança de regime político.
A pesquisa se concentrou também na tentativa de compreender como se deu a difusão da imagem dos conjurados mineiros por meio das páginas dos jornais analisados, e de que modo seus redatores procuraram modelar esse imaginário com fins político-partidários, precipuamente pelo estabelecimento da comemoração do 21 de abril. Assim, pelo lado dos monarquistas, o imaginário inconfidente poderia ajudar a defender a continuidade da Monarquia. Enquanto que para os republicanos, tal imaginário poderia propiciar a legalidade necessária à implantação de um novo regime político. Por fim, cabe destacar que independente da finalidade em que foram empregados, tanto a imagem quanto o simbolismo inconfidente já vinham sendo utilizados há décadas sem a oposição das instituições monárquicas.
A live de lançamento do livro, pode ser vista abaixo: