Maria Thereza Baptista Machado
Maria Teresa, filha legítima de João Damasceno Batista Machado e de Bárbara Maria do Amor Divino, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1813, uma quarta-feira de cinzas, qual ela sempre informava, não sabendo precisar a data, mas que, depois, se calculou tratar-se do dia 12 de fevereiro. Seu pai, João Damasceno, era irmão de Carlos Batista Machado, ambos filhos do rico comerciante português, residente na Vila de São João del-Rei, nos inícios do século XIX, o comendador João Batista Machado, casado com Ana Joaquina dos Santos.
Maria Teresa casou-se com seu tio Carlos Batista Machado, natural de São João del-Rei, com quem teve um filho e quatro filhas. Uma de suas netas, Eugênia de Castro, foi esposa do conde Afonso Celso e geraram a poetisa são-joanense Maria Eugênia Celso.
Maria Teresa enviuvou-se em 1854, sobrevivendo ainda mais 42 anos, vindo a falecer, com 84 anos, no dia 4 de agosto de 1896. Como viúva, consolidou suas beneméritas virtudes, tendo unicamente a preocupação de educar os filhos e praticar a caridade, através de generosas esmolas, que distribuía de conformidade aos preceitos evangélicos. Sem que nunca o revelasse, transparecia-lhe das atitudes que o seu pensamento dominante era a sorte das mulheres, tal a preferência com que, entre elas, distribuía a maior parte dos benefícios que praticava. Foi, também, grande benemérita da cidade de São João del-Rei, principalmente da Santa Casa da Misericórdia, deixando recursos para a criação de um Asilo para meninas órfãs, e, também, de uma escola que, inaugurada em 1925, tornaria perene o seu nome.
Maria Teresa Batista Machado, embora pertencente à elite social de sua época, nada, infelizmente, deixou escrito, donde se presume que fosse analfabeta, situação, aliás, nada de admirar-se para aquela época. Porém, dela, já bastante se tem escrito. Assim, do professor José Américo da Costa, cito, de um discurso: “Maria Teresa escreveu para os homens uma página edificante de humanitarismo, capaz de impressionar os mais céticos e que os pósteros, nas mais longínquas gerações, saberão admirar sempre e cada vez mais”. E, do poeta Bento Ernesto Júnior, destaco: “Paz à alma formosíssima da ínclita senhora, exemplar das mulheres fortes, de que fala o evangelho, unindo à fortaleza de ânimo a doçura dos sentimentos de que resultou ser ela tão querida e respeitada outrora e ser tão saudosamente lembrada em todo o tempo”.
Os restos mortais de Maria Teresa, conforme seu desejo, foram sepultados no cemitério da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, onde, num belo mausoléu de mármore branco, Afonso Celso perpetuou sua benfazeja memória, nestes versos, que resumem, com perfeição, toda a sua existência:
“Se Prudência, Bondade, Alto Critério,
Cousas que o Céu reclama para si,
Pudessem repousar num cemitério,
Jazeriam aqui!
Singela, Nobre, Límpida Existência!
Mais de oitenta anos sem ninguém magoar!
Pátria, exulta, se dela a descendência
Sempre em tudo a imitar!”
(Preparado por Antônio Gaio Sobrinho)
Mto bom! Eu, são-joanense total, não conhecia essa história!
Parabéns prof. Gaio e a tds os estudiosos que nos presenteiam com relevantes pesquisas históricas!
Gratidão!