Altivo de Lemos Sette Câmara
Filho mais novo do segundo matrimônio de Sebastião Rodrigues Sette e Câmara (1844-1921) com D. Elisa de Lemos. Nasceu em São João del-Rei em 1908, morou por algum tempo fora da cidade. Em 1950 voltou definitivamente a sua terra natal e nela permaneceu até sua morte. O que foi publicado de sua autoria antes dessa época era enviado de Belo Horizonte ou do Rio de Janeiro, lugares em que o escritor morou, ou trazidos por ele próprio quando vinha a São João del-Rei – o que era constante já que ele era apaixonado pela cidade e suas tradições.
Altivo Sette foi um homem de atuações em diferentes áreas: formou-se em Direito pela Universidade do Brasil, foi Inspetor Escolar do Ministério da Educação, um dos fundadores do Centro Artístico Cultural de São João del-Rei (CAC), também um dos fundadores, vice-presidente e secretário do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, além de ter sido membro do Instituto Brasileiro de Estudos Sociais. Segundo Martins de Oliveira (1963), Altivo Sette foi revolucionário em 1930, foi piloto da aviação civil, dedicou-se à pintura moderna, chegando a ganhar prêmios em exposições no CAC. Além de todas essas atividades, destaca-se sobretudo como poeta, jornalista e crítico de seu tempo.
Predominantemente um homem do jornal, pois era através desse veículo de comunicação que o escritor manifestava seu pensamento e dialogava com seus leitores. Lendo-o nos jornais Diário do Comércio e Ponte da Cadeia construímos uma imagem do intelectual que foi: um sujeito consciente de seu tempo e de sua posição, de alguém que podia falar diretamente ao povo e levar a ele conhecimento das situações políticas, econômicas e culturais de São João del-Rei, de Minas, do Brasil e até do mundo.
Era pessoa instigante, de inteligência impressionante e de humor extremamente aguçado. Muitas vezes tornava-se incompreendido, pois seus pensamentos, suas ideias estavam além de seu tempo. Por isso era de poucos amigos, pois sua personalidade, a de um homem extremamente culto e crítico, afastava as pessoas. Não era qualquer um que conseguia conviver com ele, nem ele dava muita atenção àqueles que não conseguiam acompanhar suas ideias.
As publicações de Altivo Sette se constituem de livros com poucas páginas, textos e poemas datilografados e capas extremamente simples, trazendo apenas título, nome do autor e às vezes o ano da publicação. Apenas um dos livros traz ilustração na capa. São elas: 1972 – O Tiradentes, patrono cívico do Brasil, com Fábio N. Guimarães, Waldemar de Almeida Barbosa; 1973 – Árvores; 1973 – Da Caravela de Zarco à Redação da Pátria Mineira; 1974 – Prefácio de O Cerco de Corinto; 1975 – Encomendação de Almas; 1976 – O nome na saga daquelas marinhagens – apontamentos sobre as origens da família Rodrigues Sette e da família Câmara; 1977 – Rosa de Bronze – Poemas.
Foi casado com Solange Ribeiro de Oliveira, professora titular na Faculdade de Letras da UFMG e tiveram um filho, Antonio de Oliveira Sette Câmara, residente em Belo Horizonte. Faleceu em 21 de setembro de 1982 – coincidência do ecologista falecer no dia da árvore/início da Primavera – e foi enterrado no cemitério da Igreja de São Francisco, nesta muy digna e fiel cidade de São João del-Rei.
(Preparado por Betânia Maria Monteiro Guimarães)