Memórias do VIII Café com Prosa 2019

Tema: Monumentos que Falam

O Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei (IHG-SJDR) realizou em 31 de outubro a oitava edição, em 2019, do evento denominado “Café com Prosa: Roda de Conversa”. Dedicado ao tema “Monumentos que falam…” foi coordenado por esta Presidência e realizado na sede do Instituto Histórico e Geográfico na Rua Santa Tereza, número 127, Centro, São João del-Rei (MG). Estiveram presentes o presidente Paulo Roberto de Sousa Lima, a vice-Presidente Maria Lucia Monteiro Guimarães, que coordenou, os confrades José Alberto Ferreira,  Antônio Gaio Sobrinho, Evandro Coelho, José Claudio Henriques e Sherman Ribeiro e esposa, além de inúmeros convidados como o vereador professor Leonardo Henrique, o confrade licenciado Ulisses Passarelli, Ruth Viegas, do CMPPC, a Chefe do Escritório do IPHAN, Natalia e a arquiteta do IPHAN Raymara, a arquiteta e urbanista, Prof.ª Ana Elisa; Marcela Paiva e seu grupo de crianças do projeto Anjo Luz,  o grupo das bordadeiras do Projeto “Bordando a História” do IHG, a equipe técnica de apoio, a jornalista Carla Gomes, o design gráfico Flávio Lobosque e a fotógrafa Thaís Andressa. O evento também contou com a presença dos parceiros do Grupo Lendas São-joanenses.

Antes do início do evento a coordenação chamou a atenção para a mostra dos bordados, do programa “Educação Patrimonial” do IHG, feitos especialmente para esse momento. O trabalho das bordadeiras foi destaque e as pessoas se encantaram com a delicadeza e riqueza de detalhes desse trabalho artesanal, agora bordando reproduções de casarões antigos e monumentos históricos da cidade. Todos com muitas histórias para contar sobre o passado são-joanense.

O evento começou com o grupo Lendas São-joanenses interpretando a personagem da dona da Casa Grande que lastima a afeição do marido com a “negrinha” que, gradativamente, ocupa toda a atenção do marido dela e patrão. Decidida a se vingar, espera um dia de festa e prepara um regabofe tendo como prato principal picadinho de coração, que parecia de boi. O Senhor seu marido se farta da comida e começa a chamar pela “negrinha” para se satisfazer mais a contento. Depois de muito chamar, enraivecido, chama seu capataz, homem de confiança e pergunta qual é o segredo do sumiço da escrava e o homem se ajoelha e olha para a senhora em suplica no olhar e esta vira para o marido e pergunta se gostou da comida. Esse pergunta o que tem a ver a comida com o sumiço da escrava e a mulher lhe revela, em segredo, que ele acabara de se refestelar com o coração dela. O homem enlouquece de horror e por isso um bairro de São João tem o nome da lenda: Segredo. Logo em seguida o Grupo Lendas apresentou a lenda do “Irmão Moreira” um rico boêmio da cidade que, depois de uma experiência amorosa com uma linda mulher misteriosa, resolveu largar a vida de boemia e se livrar de todas as suas riquezas para se dedicar a ajudar os necessitados. Após os aplausos, a coordenadora pede ao confrade Antônio Gaio que de um depoimento sobre os monumentos são-joanenses e esse lê parte de texto da sua lavra que fala da estátua da Deusa Ceres que, depois de embelezar vários espaços públicos em vários locais da cidade, encontra-se no largo em frente à Igreja de Matosinhos. O historiador disse ainda que em uma pesquisa que fez, descobriu que era uma estátua fabricada m série na França e que para cá veio como se fosse italiana. O professor ainda questionou se a imagem se tratava mesmo da Deusa Ceres.

O confrade licenciado Ulisses Passarelli complementa a fala do confrade Antônio Gaio e destaca que o fato da imagem vir da França e não da Itália, era um estudo já fechado, mas quanto ao fato de ser ou não a Deusa Ceres ainda necessita alguns estudos, mas que ele acredita ser sim a Deusa Ceres e que faria parte de um quarteto em homenagem às “Quatro Estações” e devia representar o Outono. Chama a atenção para os monumentos “que andam” e cita o exemplo da estátua da Deusa Ceres. É similar a outras localizadas em várias cidades do Brasil e mais, que o pedestal em que se assenta, de fato tinha sido base para outra estátua, de quem ainda tinha a inscrição. Esse depoimento levou o grupo a refletir sobre outros monumentos e o Presidente lembrou a saga da estátua do ex-Presidente Getúlio Vargas que, por motivos não declarados, migrou de posição central para um espaço na periferia, no Bairro Fábricas. A Ruth Viegas afirmou que essa irregularidade já é foco de preocupação e decisão do CMPPC.  

Logo após esta intervenção o jornalista Antônio Emilio da Costa leu um texto de sua autoria que fala da raiz e da história cultural e religiosa da Cidade, representadas pelo Largo das Mercês. Seguindo sua fala, as bordadeiras Márcia e Cecilia falaram de um projeto da UFSJ em uma das edições do Caderno Cultural que trabalhou com o resgate dessas edificações histórias de SJDR. Em seguida, a própria Ruth Viegas pede licença e começa a falar das histórias do Solar dos Viegas, hoje Solar dos Jardins, residência da sua família, em especial da sua mãe, Celina Viegas, patronesse no IHG. Fala do trabalho de ajuda que fazia com as mulheres carentes que participavam do Clube de Mães da Igreja Católica para trabalhos manuais e confecção de sabão de bola. Conta da sua infância e da azáfama que ocorria no Solar, com o avô fabricando tinteiros, a avó com as múltiplas atividades da casa e arranjando tempo para ser educadora. Emocionada,  fala de como esse contexto moldou sua vida de educadora e preservacionista a ponto e leva-la a se reeleger como Presidente do CMPPC, onde procura focar na preservação dos monumentos públicos, como o próprio Solar dos Jardins e como atua para contribuir com os parceiros que possam e queiram enriquecer com seus produtos culturais, como o IHG, e, ao ouvir o depoimento da vice-Presidente sobre a falta de apoio financeiro para a publicação de Revista impressa em comemoração ao cinquentenário do IHG em 2020, cultuando a história e memória são-joanense, hipoteca, em nome do CMPPC, seu apoio a esse projeto.

Vários dos presentes fizeram intervenções, em especial a arquiteta Ana Elisa que falou sobre a cidade como monumento. Ressaltou, com apresentação de conceitos adequados, que as histórias em torno das edificações da cidade fazem com que esses imóveis se tornem monumentos, pois eles fazem parte das histórias locais. A última fala ficou por conta das bordadeiras que fazem parte do projeto “Bordando a História” do IHG. Nessa edição do Café com Prosa foi feita uma exposição com todos os bordados feitos por elas ao longo de todo o ano. Todas as bordadeiras presentes falaram da importância das trocas que aconteceram durante o ano e o quanto elas aprenderam com o projeto. Ao fim dessas falas a coordenadora convida para compartilharem de um café bem mineiro, após o que os convidados do oitavo Café com Prosa se despediram com a certeza de que a riqueza cultural e histórica de nossa São João del-Rei ainda tem muito acervo a ser protegido e divulgado.

A Presidência PS: O site ihgsaojoaodelrei.org.br e o facebook IHG São João del-Rei apresentam esse Comunicado e fotos e vídeos desse evento. O site www.guiadelrei.com.br também repercute essas informações.

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